domingo, 27 de fevereiro de 2011

Uma questão de Identidade.

Esse texto é um pequeno resumo de uma resenha que fiz do livro Identidade de Bauman para a disciplina de Mídia e Pscologia em 2010. Entretanto, indico a leitura da obra, pois seu tema intrigante e de certa forma relexivo nos fornece fortes indícios sobre maneira como estamos encarando nossas vidas na atualidade.

Identidade é uma obra que aborda questões relacionas à construção subjetiva daquilo que percebemos como valores e realidades na construção de toda nossa cultura e sociedade. O autor, o sociólogo polonês Sygmunt Bauman, indica que entender esse processo de construção de identidade é um importante passo na conceituação e entendimento das atuais transformações daquilo que o ele mesmo denomina Modernidade Líquida. Esse último conceito pode ser entendido como uma fragmentação mal coordenada do mundo, onde a existência dos indivíduos está dividida entre episódios frágeis e conectada, pautada por uma vida superficial, construída por fragmentos inconsistentes e rápidos. O autor aponta que as pessoas os indivíduos tem sua identidade como algo negociável, utilizando várias e mais convenientes durante sua vida.

Entre outras questões o autor aborda que no contexto histórico-social em que vivemos tudo é relegado ao processo de consumo, se consome identidades, como se consome amores, religiões, etc. No caso afetivo, por exemplo, as pessoas buscam relacionamentos focados simplesmente na busca do prazer, já que entregar-se significa perder uma falsa liberdade imposta como atrativo moderno. Dessa maneira as pessoas preferem se envolver através de ambientes virtuais do que se encararem em um ambiente social, isso porque se alguma coisa der errado, basta clicar o Delete.

O livro é interessante não só pelo conteúdo, mas também pela forma como foi concebido. Sua estrutura é resultado de uma entrevista concedida ao jornalista italiano Benedetto Vecchi, onde a própria metodologia da entrevista foge dos padrões tradicionais – face a face. Todas as questões e respostas foram feitas através de e-mails, impondo um ritmo fragmentado na troca de informações, possibilitando um maior direcionamento das questões em relação ao aprofundamento das respostas.

O sociólogo aponta questões que revelam uma realidade que fingimos não ver. Identifica como a modernidade criou indivíduos frágeis e inseguros, que se escondem atrás todas as facilidades tecnológicas e mercadológicas, vivendo de forma rápida e superficial, focados no momento, com valores relegados a uma lógica de mercado, de uso e desuso. Nesse ponto vejo o livro Identidade como uma obra relevante não só para profissionais das áreas humanas, mas para todos na construção de uma visão crítica de nossa postura e lugar no mundo.

O autor, Zygmunt Bauman, teve suas estudos reconhecidos em 1989 quando recebeu o prêmio Amalfi pelo livro Modernidade e Holocausto e em 1998 o prêmio Adorno pelo conjunto de sua obra. Entre outros títulos publicados estão: Amor líquido; Comunidade; Em busca da política; Europa; Globalização: as consequências humanas; O mal-estar da pós-modernidade; Medo líquido; Modernidade e ambivalência; Modernidade e holocausto; Modernidade líquida; Tempos líquidos; Vida Líquida; e Vidas desperdiçadas.



BAUMAN, Zygmunt. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Tradução, Carlos Alberto Medeiros – Rio de Janeiro : Jorge Zahar Ed., 2005.

Esse texto foi publicado no Blog da agência Criação em 9 de set. de 2010 http://agenciacriacao.com.br/blog/index.php/2010/09/uma-questao-de-identidade/

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